E-commerce e mercado imobiliário
Em decorrência das diversas restrições impostas pelo Poder Público durante a pandemia, desde março/2020 a economia brasileira vem passando por altos e baixos. Com a necessidade de fechamento sazonal do comércio de rua, bares e restaurantes, o empresariado vem buscando alternativas para conseguir manter, ainda que minimamente, o funcionamento de suas empresas.
As locações não residenciais, em sua maioria, são celebradas por períodos iguais ou superiores a 36 (trinta e seis) meses, justamente para que seja possível manter certa previsibilidade no desenvolvimento das atividades do locatário. Contudo, é inegável que “previsibilidade” foi a palavra menos utilizada durante o último ano, em especial para aqueles que dependiam da demanda diária de clientes.
Em razão do cenário atípico, os consumidores vão mudando seus hábitos. Em pesquisa realizada pela Ebit, 13 milhões de pessoas compraram pela primeira vez pela internet em 2020. Houve um aumento de quase 85% no faturamento do comércio online no Brasil, segundo a Câmara Brasileira da Economia Digital.
Bares e restaurantes se viram obrigados a trabalhar nas modalidades drive thru, take away ou delivey, aumentando exponencialmente a procura por aplicativos de entrega, tais como Rappi, UberEats e iFood. Segundo pesquisa realizada pela Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, os gastos dos consumidores com aplicativos de entrega cresceram 94,67% durante os primeiros meses da pandemia.
Por conta da necessidade de “adaptação para sobrevivência”, lojas de rua passaram a utilizar de maneira definitiva os serviços de delivery, que se tornaram comuns em vários segmentos de mercado: roupas, vestuário, artigos de informática e mesmo eletroeletrônicos. No comércio local, ainda ganhou destaque a possibilidade de solicitar uma “mala delivery”, na qual a loja disponibiliza uma série de produtos para escolha do cliente, entrega em sua residência e retira no dia seguinte, efetuando-se o pagamento de forma remota (via pix, picpay, transferência bancária ou cartão de crédito).
Tendo em vista que durante o período de isolamento social tornou-se quase uma necessidade optar pelo delivery, diversos comerciantes optaram por rescindir os contratos de locação vigentes, buscando reduzir os gastos com estrutura fixa e funcionários.
Na contramão das rescisões e por conta do investimento em logística (buscando atender o cliente sempre de maneira rápida), aumentou a procura por locação de galpões em condomínios logísticos, facilitando a estocagem, distribuição de produtos e reduzindo custos operacionais.
Os condomínios logísticos são áreas fechadas, com infraestrutura e serviços compartilhados, podendo atender uma ou várias empresas ao mesmo tempo. Os custos dos serviços agregados (segurança, limpeza, jardinagem, portaria, dentro outros) são compartilhados entre os condôminos e os locatários podem usufruir destes serviços sem a necessidade de aumentar seus gastos. Além disso, alguns dos principais pontos que levam os lojistas a investir em condomínios logísticos são a localização (pensada estrategicamente para possibilitar a distribuição e entrega de produtos) e a segurança, na maioria das vezes feita com vigilância 24h e guarita para controle de acesso.
Embora a mudança nos hábitos de consumo e a busca por conveniência e praticidade tenha sido acelerada pela pandemia, é certo que após este período de isolamento muitas ficarão de forma definitiva na rotina dos brasileiros.