A Operação “Autoclave” liga o alerta para a necessidade de Compliance na atividade médica

No último dia 24/9, a Polícia Civil do Estado do Paraná deflagrou a Operação “Autoclave” cujos alvos são suspeitos de reaproveitar materiais de uso único para cirurgias urológicas.

Segundo dados veiculados pelo G1, as investigações apontam que os suspeitos recolhiam materiais cirúrgicos usados que deveriam ser descartados, esterilizavam-nos e os vendiam para médicos abaixo do valor de mercado, ao que indica sem conhecimento da empresa para a qual trabalhavam.

Pois bem, em um mercado regulado deve causar estranheza o fato de um determinado produto ser ofertado a preços que não condizem com a prática comercial. Isso não quer dizer que todo produto ofertado a um preço baixo será produto de crime, mas pelo menos deve ligar o alerta do médico. Lembrando que, o receptador do produto de crime também participa da cadeia delituosa.

Enfim, que ferramentas têm os médicos para evitar o seu envolvimento em uma situação como essa?

A adoção de um programa de Compliance com regras claras de integridade, inclusive em relação a fornecedores e parceiros é uma medida mitigadora de riscos para esses profissionais.

Mesmo um médico atuando de forma individual deve ter uma política de avaliação dos seus fornecedores e produtos, sob o risco de adquirir e, pior, utilizar materiais e equipamentos que possam trazer riscos à saúde e à vida de seus pacientes.

No caso em tela, um programa de Compliance simples com uma política de compras que exija a confirmação do pedido diretamente com a empresa (além do vendedor) e a cobrança da apresentação de nota fiscal poderiam dificultar o eventual envolvimento do médico nessa fraude.

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Andrezza Oikawa